segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Caminho Francês - DIA 8

Sábado, 14 de Setembro
PortoMarín.

Chegava o dia  de percorrermos os últimos quilómetros desta fabulosa aventura, que exigiu tudo de nós durante estes 8 dias e que nos mostrou o que realmente são os Caminhos de Santiago.
Acordamos cedo, muito cedo, com o objectivo de chegar a Santiago o mais cedo possível, afim de termos a calma necessária para saborear esse ansiado momento de pisar a Plaza Obradoiro.
Com um bom pequeno almoço, recarregamos as baterias, e no meio da penumbra, saímos do hotel ainda com pouca luz.
Aproveitamos como sempre, para passar pela Igreja de PortoMarín, com o seu aspecto maciço e fortificado.
Saímos de PortoMarín rodeados de imensos peregrinos a pé, tantos que nos primeiros quilómetros chegamos a ter alguma dificuldade nos trilhos.
A saída da cidade é feita através de uma ponte que atravessa um pequeno braço do rio, e logo depois temos uma subida dura e longa num trilho limpo, rodeado de imensas árvores ao qual o nevoeiro que se fazia sentir deu uma aura mágica de bosque encantado. 
Mais uma vez, a beleza do caminho ajuda-nos e inspira-nos a ultrapassar as dificuldades do mesmo.
Ultrapassada esta dificuldade, ainda por cima feita a frio, o caminho segue paralelo a uma estrada.Ocasionalmente, afasta-se ligeiramente da mesma, para uns metros mais à frente a voltar a encontrar.
Os kms passaram-se rapidamente, e conforme nos aproximávamos de Palas de Rei, o caminho começava a modificar-se, passando mais tempo imersos em trilhos florestais lindíssimos. 
Depois de Palas de Rei, paramos numa esplanada em Stº Tirso (curioso), para tomar um café. A esplanada ficava numa rua bastante inclinada e o "idiota do dono" tirou um coelho da cartola e inventou uma esplanada. 
Reparem no pormenor das pernas das mesas e das cadeiras.
Mais, cada uma tem o seu "apoio" conforme a posição na esplanada.
Neste mesmo local, aproveitamos para ir carimbar a credencial
Os trilhos melhoraram consideravelmente, o que nos dava mais vontade de desfrutar deste último dia.
Pedalámos em caminhos florestais magníficos envolvidos numa paisagem de sonho, entre carvalhos e castanheiros.
Antes de chegar a Melide, passamos por Leboreiro, uma agradável e simpática aldeia, que ainda por cima nos brindou com uma bela calçada romana.
Pormenor em Leboreiro, junto à igreja.
Seguimos caminho passando em Melide e em Ribadiso Baixo e Ribadiso de Riba.
Os trilhos mantinham a qualidade já referida anteriormente, o que nos mantinha a alegria e a vontade de rolar mais e mais.
Os trilhos eram tão bons e tão entusiasmantes, que o Rui até atravessou um riacho bem fundo de gás, enquanto eu esperava do outro lado pelo "imenso mergulho" que não chegou a acontecer. Pena que a foto ficou tremida !!!
Próxima paragem Arzúa, onde fizemos uma paragem mais prolongada para almoçar.
Nesta altura faltavam-nos cerca de 40 km para chegar a Santiago de Compostela, estava tudo dentro dos planos.
De Arzúa até Pedrouzo o caminho não apresentou grandes dificuldades, mantendo o tipo e perfil dos kms anteriores.
Porém, ainda nos faltava o verdadeiro rompe pernas. 
Toda esta etapa é feita em constante sobe e desce, não muito acentuado, mas vai massacrando aos poucos.
Depois de Pedrouzo, o rompe pernas surgiu em todo o seu "esplendor". Um sobe e desce violento acompanhou-nos até  perto do Monte del Gozo.
Um dos muitos memoriais que se encontram ao longo do caminho.
Este referente a um peregrino, Guilhermo Watt, que faleceu  neste ponto, enquanto percorri o caminho.
Neste rompe pernas, destaca-se claramente a subida do aeroporto. A "cereja no topo do bolo". Dura, Dura, a exigir todo o empenho para a fazer em cima,  e foi feita !!!
Acabada esta subida, somos surpreendidos por este "memorial" feito de forma espontânea por peregrinos de passagem. Também lá ficou a nossa. 
Não, a nossa não é a câmara !!!
A partir deste ponto, acabaram-se as dificuldades.
Rolamos calmamente até ao Monte do Gozo, local donde se vislumbra pela primeira vez Santiago de Compostela.
Tirada por peregrinos Bascos, com a sua bandeira do Athletic.
A visão de Santiago de Compostela, depois de quase 800 km feitos em 8 dias, enche-nos a alma.
Daqui foi só descer em direcção às ruas de Santiago.
Estes últimos 10 km, são realizados com uma imensa ansiedade de chegar ao local onde a aventura terminará.
Parecia que estávamos a começar, tal foi o ritmo imposto para percorrer estes últimos quilómetros. 
Finalmente, o primeiro vislumbre da catedral !

Uma pequena pausa, para apreciar o momento e para preparar a entrada na Plaza Obradoiro.
A alegria era imensa, a sensação de gratidão pelo que passamos era enorme e o coração acelerava sem explicação para isso.
Meus amigos, o Rui ainda se apeou, mas eu "atirei-me por aquelas escadas abaixo, como se estivesse a vencer uma prova qualquer" e, finalmente CHEGAMOS !!!
Por muito que tente, não consigo expressar por palavras a alegria e emoção que vivi naquele momento.
Chegar ao centro da Plaza Obradoiro, ver a catedral em todo o seu esplendor, foi para mim não só o fim de uma aventura mágica, mas também um momento em que tudo ficou perfeito!
Podia dizer que só faltaram as lágrimas, mas não, não faltaram !!!


OBRIGADO RUI, meu irmão, pela companhia e pelo partilhar desta magnífica aventura! 

Resumo do dia:
Portomarín - Santiago de Compostela
94 km
1700 mt de acumulado
Média de 13.8 km/h
0 assistência em viagem.
0 avaria.


PS : Um muito obrigado ao Paulo Pinheiro e a Anabela, que gentilmente se disponibilizaram para nos irem buscar a Santiago de Compostela. Paulo, quando precisares, tens um crédito para gastar !!! Eh!Eh!Eh!Eh!

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